domingo, 26 de setembro de 2010

Poesias Infantis

O Mosquito escreve
O mosquito pernilongo trança as pernas, faz um M,
depois treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo, faz um S.
O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê, faz um Q, faz um U, e faz um I.
Este mosquito esquisito cruza as patas, faz um T.
E aí, se arredonda e faz outro O, mais bonito.
Oh! Já não é analfabeto, esse inseto, pois sabe escrever seu nome. Mas depois vai procurar alguém que possa picar, pois escrever cansa, não é, criança?
E ele está com muita fome.

Cecília Meireles




O Cavalinho Branco

À tarde, o cavalinho branco está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde sempre é feriado..

O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres seus movimentos. Trabalhou todo o dia, tanto! Desde a madrugada! Descansa entre as flores, cavalinho branco, de crina dourada.

Cecília Meireles


O menino azul


O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
- de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
Cecília Meireles


O u isto ou aquilo. Ou se tem chuva ou não se tem sol, ou se tem sol ou não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda qual é melhor,
Se isto ou aquilo.

Cecília Meireles



O Girassol

Sempre que o sol Pinta de anil Todo o céu
O girassol Fica um gentil Carrossel.
O girassol é o carrossel das abelhas.
Pretas e vermelhas
Ali ficam elas Brincando, fedelhas Nas pétalas amarelas. — Vamos brincar de carrossel, pessoal?
— "Roda, roda, carrossel,oda, roda, rodador ,vai rodando, dando mel Vai rodando, dando flor".
— Marimbondo não pode ir que é bicho mau!
— Besouro é muito pesado!
— Borboleta tem que fingir de borboleta na entrada!
— Dona Cigarra fica tocando seu realejo!
— "Roda, roda, carrossel Gira, gira, girassol Redondinho como o céu Marelinho como o sol".
E o girassol vai girando dia afora . . .
O girassol é o carrossel das abelhas.



As Abelhas

A AAAAAAAbelha mestra
E aaaaaaas abelhinhas
Estão tooooooodas prontinhas
Pra iiiiiiir para a festa.
Num zune que zune
Lá vão pro jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim.
Da rosa pro cravo

Do cravo pra rosa
Da rosa pro favo
Volta pro cravo.
Venham ver como dão mel
As abelhinhas do céu!




No Jardim
De um em um
vou colhendo
os balõezinhos dos beijos.
Parecem cápsulas
estufadinhas
e ploc... plec ... ploc...
vão estalando,
como se fizessem
uma revolução
dentro da minha mão.

Tão pequeninas,
as sementes
são como pontinhos
e se espalham
tantas, tantas,
mais de um milhão.

— Sossega, Seu Balãozinho!
— Fiquem quietinhas!—
digo às sementinhas,
pois, no quintal
de meu vizinho
elas vão formar
um novo beijal.

Cleonice Rainho





O relógio
Passa, tempo,
tic-tac Tic-tac,
passa, hora

Chega logo,
tic-tac Tic-tac,
e vai-te embora
Passa, tempo Bem depressa
Não atrasa Não demora
Que já estou Muito cansado
Já perdi Toda a alegria
De fazer Meu tic-tac
Dia e noite Noite e dia
Tic-tac Tic-tac Tic-tac . . .
Vinícius de Moraes



As Borboletas

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam Na luz As belas Borboletas
Borboletas brancas
São alegres e francas.
Borboletas azuis Gostam muito de luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
E as pretas, então . . .
Oh, que escuridão!
Vinícius de Moraes

Créditos para: http://ocantinhodanisa.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário e compartilhe ideias. Beijinhos, Marcia Simões